Agência Brasil
A Câmara dos Deputados concluiu nesta quinta-feira (7) a
votação do projeto que permite à iniciativa privada comprar vacinas para a
imunização de empregados, desde que seja doada a mesma quantidade ao Sistema
Único de Saúde (SUS). A proposta será enviada para análise do Senado.
Segundo o texto, os empresários poderão comprar vacinas que
ainda não tiveram aval da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), desde que
autorizadas por agências reconhecidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Essa aquisição pode ser feita diretamente pelas empresas ou por meio de
consórcio.
A medida autoriza que trabalhadores prestadores de serviço
também sejam beneficiados com a vacinação, inclusive estagiários, autônomos e
empregados de empresas de trabalho temporário ou de terceirizadas. O texto
prevê que a vacinação dos empregados deve seguir os critérios de prioridade
estabelecidos no Programa Nacional de Imunizações (PNI).
O projeto libera empresas a contratarem estabelecimentos de
saúde que tenham autorização para importar e dispensar as vacinas, como
hospitais, laboratórios ou farmácias, para intermediar a compra do imunizante.
Multa
Em caso de descumprimento das exigências, a empresa estará
sujeita ao pagamento de multa equivalente a dez vezes o valor gasto para
comprar vacinas, além de sanções administrativas e penais.
Economia
Para o deputado Luiz Carlos Motta (PL-SP), a proposta pode
diminuir o impacto da pandemia de covid-19 no setor econômico do país.
“A vacinação se constitui, por enquanto, a principal
ferramenta para debelar a crise econômica ocasionada pela covid-19. Nesse
sentido, é imprescindível e urgente a viabilização de medidas que permitam a
imunização do maior número de pessoas no menor espaço de tempo, a fim de evitar
o aumento no contágio, o colapso no sistema de saúde e o agravamento da crise
econômica e trabalhista decorrente da pandemia”, afirmou o congressista.
Impasse
Na avaliação de parlamentares de oposição, a matéria vai
instituir uma fila dupla para vacinação no país. Os deputados de partidos
contrários ao projeto usaram o chamado “kit obstrução” para tentar adiar a
apreciação da matéria.
“Nós estamos, infelizmente, no nosso ponto de vista,
consolidando a criação de uma fila dupla para acesso à vacina, em um cenário em
que há escassez de insumos, em um cenário em que nem mesmo o Governo — porque
não quis comprar vacina lá atrás — tem vacinas para oferecer para o povo
brasileiro. Então, há uma possibilidade nesse momento de se romper com o Plano
Nacional de Imunização, de se vacinarem pessoas sem critérios epidemiológicos”,
afirmou a líder do PSOL, deputada Talíria Petrone (RJ).
O deputado Alexandre Padilha (PT-SP), ex-ministro da Saúde,
argumentou que os empresários encontrarão barreiras para adquirir os
imunizantes já que as produtoras de vacinas comercializam direto com os
governos dos países.
“Quem vendeu para o Ministério da Saúde já disse
publicamente que não vende para empresário, nem aqui no Brasil, nem na Europa,
nem nos Estados Unidos, porque são empresas sérias que não se submetem a essa
ação inescrupulosa que, infelizmente, está sendo aprovada, que vai furar fila
da vacina no nosso País”, argumentou.
“Já disseram que não vendem, que não fazem negócio, e não fazem, porque sabem da insegurança que é essa ação. Elas sabem, inclusive, que está no texto da lei que a autoridade da OMS não está exigindo a certificação de nível quatro, que é o que estava na lei anterior. Ouçam parlamentares, estão aprovando algo que vai permitir a importação de vacinas de baixa qualidade”, completou.
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